segunda-feira, 30 de junho de 2008

Irmã Josefa Stenmans: a cozinha como altar


As Irmãs Missionárias Servas do Espírito Santo (SSpS) celebraram este Domingo, dia 29 de Junho, em Tegelen (Holanda) a Beatificação da Irmã Josefa Stenmans, uma das primeiras Irmãs da Congregação. A celebração foipresidida pelo Cardeal Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
Na celebração da Eucaristia sobressaía a internacionalidade, característica das três Congregações fundadas por S. Arnaldo Janssen. Esta nota sobressaía na música, na simbologia e na danças características de diferentes países e culturas. No momento do Evangelho, a profissão de fé de Pedro “Tu és Cristo, Filho do Deus Vivo” foi proclamada em nove línguas, revelando assim a actualidade e universalidade da pessoa e da mensagem de Jesus Cristo para o mundo de hoje.
Durante a celebração foram destacadas as características da nova Beata: simplicidade, alegria, fidelidade, e espírito missionário. Na sua mensagem, D. José Saraiva Martins disse que “a Irmã Josefa é uma herança preciosa e um património espiritual para nós. O seu exemplo é um programa de vida, especialmente marcado pelo seu amor à missão e ao Espírito Santo e pelo seu testemunho de fidelidade e de amor a Cristo”.

Josefa, cujo nome de baptismo era Hendrina, nasceu em 28 de Maio de 1852 na pequena povoação de Issum (Alemanha) sendo a mais velha de sete irmãos. Após a morte da mãe, Hendrina dedicou-se a cuidar do pai e dos irmãos menores, o que desde cedo despertou nela uma grande sensibilidade às necessidades dos outros.

Desde muito jovem, Hendrina sentiu o desejo de entregar a sua vida a Deus como Irmã Missionária. No entanto, devido às necessidades da família e à situação política de perseguição da Igreja que se vivia na Alemanha, Hendrina teve que esperar longos anos para concretizar o seu sonho. Em 1879 Hendrina entrou em contacto com a Congregação dos Missionários do Verbo Divino (SVD), fundada em 1875 por Santo Arnaldo Janssen em Steyl (Holanda). Com o olhar centrado no seu grande ideal - entregar totalmente a sua vida pelo anúncio do Evangelho - Hendrina não olhou às dificuldades: sair da sua pátria e ir trabalhar como auxiliar de cozinha na Casa Missionária da SVD por vários anos. Foi admitida em Steyl por Arnaldo em Fevereiro de 1884.
Arnaldo sentia o chamamento de Deus para fundar uma congregação feminina, cujo objectivo primeiro seria acompanhar o trabalho dos Missionários do Verbo Divino nas missões ad gentes, através do serviço e presença junto das mulheres e crianças. O sonho de entregar a sua vida como Irmã Missionária tornou-se realidade apenas em 1889, ano da fundação das Irmãs SSpS.
Em Março de 1894, dia da primeira profissão religiosa de 12 Irmãs, Hendrina recebeu o nome de Irmã Josefa e comprometeu-se a “nada procurar a não ser a vontade de Deus!”

A nova Congregação Missionária cresceu rapidamente, e a Irmã Josefa desempenhou um papel fundamental neste crescimento como formadora das novas Irmãs e como superiora da Congregação. Apenas seis anos após a fundação, as primeiras Irmãs foram enviadas como missionárias para a Argentina. Nos anos seguintes, partiram para o Togo, Papua Nova Guiné, Estados Unidos e Brasil.
A Irmã Josefa faleceu a 20 de Maio de 1903, vítima de doença grave, deixando para trás uma vida marcada pela simplicidade, compaixão, oração constante, alegria, liberdade interior, espírito de discernimento e um grande amor ao Espírito Santo.
Seguindo o ideal da Irmã Josefa e a sua paixão pelo anúncio do Evangelho, as SSpS estão presentes hoje em 46 países dos cinco continentes e são chamadas a viver e anunciar a ternura e a compaixão de Deus nos lugares onde se encontram. Em Portugal, as Irmãs estão presentes em duas comunidades na região de Lisboa: Casal de Cambra e Odivelas.

Unidas à Igreja universal, aos Missionários do Verbo Divino, e aos leigos com quem partilham a missão nos cinco continentes, as Irmãs SSpS celebram a acção da graça de Deus na vida da Irmã Josefa nesta festa da sua Beatificação. Ela, cujo sonho de ser enviada às missões ad gentes nunca se concretizou e que sempre procurou ser a menor entre todas as Irmãs, é agora reconhecida publicamente pelo seu exemplo de fidelidade ao projecto de Deus e pela sua total dedicação à proclamação do Evangelho.
Irmã Maria José Rebelo, SSpS
Internacional Irmã Maria José Rebelo 30/06/2008 13:13 4295 Caracteres 72 Vida Consagrada

domingo, 29 de junho de 2008

13º Domingo do Tempo Comum (Ano A)

INTRODUÇÃO

O 13º Domingo Comum coincide com a Solenidade dos apóstolos S. Pedro e S. Paulo. A liturgia convida-nos a reflectir sobre estas duas figuras e a considerar o seu exemplo de fidelidade a Jesus Cristo e de testemunho do projecto libertador de Deus.
O Evangelho convida os discípulos a aderirem a Jesus e a acolherem-no como “o Messias, Filho de Deus”. Dessa adesão, nasce a Igreja – a comunidade dos discípulos de Jesus, convocada e organizada à volta de Pedro.

A missão da Igreja é dar testemunho da proposta de salvação que Jesus veio trazer. À Igreja e a Pedro é confiado o poder das chaves – isto é, de interpretar as palavras de Jesus, de adaptar os ensinamentos de Jesus aos desafios do mundo e de acolher na comunidade todos aqueles que aderem à proposta de salvação que Jesus oferece.
A segunda leitura apresenta-se como o “testamento” de Paulo. Numa espécie de “balanço final” da vida do apóstolo, o autor deste texto recorda a resposta generosa de Paulo ao chamamento que Jesus lhe fez e o seu compromisso total com o Evangelho. É um texto que convida os crentes de todas as épocas e lugares a percorrer o caminho cristão com entusiasmo, com entrega, com ânimo – a exemplo de Paulo.

2ª. Leitura Timóteo 4,6-8.17-18
Evangelho – Mateus 16,13-19

Actualização

- Paulo foi uma das figuras que marcou, de forma decisiva, a história do cristianismo. Ao olharmos para o seu exemplo, impressiona-nos como o encontro com Cristo marcou a sua vida de forma tão decisiva; espanta-nos como ele se identificou totalmente com Cristo; interpela-nos a forma entusiasmada e convicta como ele anunciou o Evangelho em todo o mundo antigo, sem nunca vacilar perante as dificuldades, os perigos, a tortura, a prisão, a morte; questiona-nos a forma como ele quis viver ao jeito de Cristo, num dom total aos irmãos, ao serviço da libertação de todos os homens. Paulo é, verdadeiramente, um modelo e um testemunho que deve interpelar, desafiar e inspirar cada crente.

- O caminho que Paulo percorreu continua a não ser um caminho fácil. Hoje, como ontem, descobrir Jesus e viver de forma coerente o compromisso cristão implica percorrer um caminho de renúncia a valores a que os homens dos nossos dias dão uma importância fundamental; implica ser incompreendido e, algumas vezes, maltratado; implica ser olhado com desconfiança e, algumas vezes, com comiseração… Contudo, à luz do testemunho de Paulo, o caminho cristão vivido com radicalidade é um caminho que vale a pena, pois conduz à vida plena.

Þ Concordo?
Þ É este o caminho que eu me esforço por percorrer?
- Convém ter sempre presente esse dado fundamental que deu sentido às apostas de Paulo: aquele que escolhe Cristo não está só, ainda que tenha sido abandonado e traído por amigos e conhecidos; o Senhor está a seu lado, dá-lhe força, anima-o e livra-o de todo o mal.
Þ Animados por esta certeza, temos medo de quê?
Þ Quem é Jesus?
Þ O que é que “os homens” dizem de Jesus?

Muitos dos nossos conterrâneos vêem em Jesus um homem bom, generoso, atento aos sofrimentos dos outros, que sonhou com um mundo diferente; outros vêem em Jesus um admirável “mestre” de moral, que tinha uma proposta de vida “interessante”, mas que não conseguiu impor os seus valores; alguns vêem em Jesus um admirável condutor de massas, que acendeu a esperança nos corações das multidões carentes e órfãs, mas que passou de moda quando as multidões deixaram de se interessar pelo fenómeno.

- Para os discípulos, Jesus foi bem mais do que “um homem”. Ele foi e é “o Messias, o Filho de Deus vivo”. Defini-l’O dessa forma significa reconhecer em Jesus o Deus que o Pai enviou ao mundo com uma proposta de salvação e de vida plena, destinada a todos os homens. É uma proposta de Deus, destinada a tornar cada homem ou cada mulher uma pessoa nova, capaz de caminhar ao encontro de Deus e de chegar à vida plena da felicidade sem fim.

Þ “E vós, quem dizeis que Eu sou?”
É uma pergunta que deve, de forma constante, ecoar nos nossos ouvidos e no nosso coração. Responder a esta questão obriga-nos a pensar no significado que Cristo tem na nossa vida, na atenção que damos às suas propostas, na importância que os seus valores assumem nas nossas opções, no esforço que fazemos ou que não fazemos para O seguir…
Þ Quem é Cristo para mim?
- É sobre a fé dos discípulos que se constrói a Igreja de Jesus. O que é a Igreja?
O nosso texto responde de forma clara: é a comunidade dos discípulos que reconhecem Jesus como “o Messias, o Filho de Deus”.

Þ Que lugar ocupa Jesus na nossa experiência de caminhada em Igreja?
Þ Porque é que estamos na Igreja: é por causa de Jesus Cristo, ou é por outras causas (tradição, inércia, promoção pessoal…)?- A Igreja de Jesus não existe, no entanto, para ficar a olhar para o céu, numa contemplação estéril e inconsequente do “Messias, Filho de Deus”; mas existe para o testemunhar e para levar a cada homem e a cada mulher a proposta de salvação que Cristo veio oferecer.
Þ Temos consciência desta dimensão “profética” e missionária da Igreja?
Þ Os homens e as mulheres com quem contactamos no dia a dia – em casa, no emprego, na escola, na rua, no prédio, nos acontecimentos sociais – recebem de nós este anúncio e este convite a integrar a comunidade da salvação?

sexta-feira, 20 de junho de 2008

12º Domingo do Tempo Comum (Ano A)

“Não temais!”

INTRODUÇÃOJesus garante aos seus a presença contínua, a solicitude e o amor de Deus, ao longo de toda a sua caminhada pelo mundo. A Palavra de Deus para nós hoje convida-nos a fazer a descoberta desse Deus que tem um coração cheio de ternura, de bondade, de solicitude. Se nos entregarmos confiadamente nas mãos desse Deus, que é um Pai que nos dá confiança e protecção e é uma Mãe que nos dá amor e que nos pega ao colo quando temos dificuldade em caminhar, não teremos qualquer receio de enfrentar os homens.

ACTUALIZAÇÃO

O projecto de Jesus, vivido com radicalidade e coerência é um projecto radical, questionante, provocante, que exige a vitória sobre o egoísmo, o comodismo, a instalação, a opressão, a injustiça…

É um projecto capaz de abalar os fundamentos dessa ordem injusta e alienante sobre a qual o mundo se constrói.

Também nós andamos assustados, confusos, desorientados, interrogando-nos se vale a pena continuar a remar contra a maré… A todos nós, Jesus diz: “não temais”.

A Palavra libertadora de Jesus não pode ser calada, escondida, escamoteada; mas tem de ser vivamente afirmada com palavras, com gestos, com atitudes provocatórias e questionantes. Viver uma fé “morninha”, não chega para nos integrar plenamente na comunidade de Jesus.

De resto, o valor supremo da nossa vida não está no reconhecimento público, mas está nessa vida definitiva que nos espera no final de um caminho gasto na entrega ao Pai e no serviço aos homens; e Jesus demonstrou-nos que só esse caminho produz essa vida de felicidade sem fim que os donos do mundo não conseguem roubar.

MENSAGEM

O tema central da nossa leitura é sugerido pela expressão “não temais”, que se repete por três vezes ao longo do texto. Trata-se de uma expressão de Deus/Jesus dirigida aos discípulos que elegeu para o seu serviço; aos eleitos, confia-lhes uma missão profética no mundo; e porque sabe que os “eleitos” se vão confrontar com forças adversas, que se traduzirão em sofrimento e perseguição, assegura-lhes a sua presença, a sua ajuda e protecção a fim de que eles superem o medo e a angústia que resultam da perseguição.Este convite à superação do medo vai acompanhado por três desenvolvimentos:

=> Jesus pede aos discípulos que não deixem o medo impedir a proclamação aberta da Boa Nova. A mensagem libertadora de Jesus não pode correr o risco de ficar – por causa do medo – circunscrita a um pequeno grupo, cobarde e comodamente fechado dentro de quatro paredes, sem correr riscos, nem incomodar a ordem injusta sobre a qual o mundo se constrói; mas é uma mensagem que deve ser proclamada com coragem, com convicção, com coerência, de cima dos telhados, a fim de mudar o mundo e tornar-se uma Boa Nova libertadora para todos os homens e mulheres.

=> Jesus recomenda aos discípulos que não se deixem vencer pelo medo da morte física. O que é decisivo, para o discípulo, não é que os perseguidores o possam eliminar fisicamente; mas o que é decisivo, para o discípulo, é perder a possibilidade de chegar à vida plena, à vida definitiva… Ora, o cristão sabe que a vida definitiva é um dom, que Deus oferece àqueles que acolheram a sua proposta e que aceitaram pôr a própria vida ao serviço do “Reino”. Os discípulos que procuram percorrer com fidelidade o caminho de Jesus não precisam, portanto, de viver angustiados pelo medo da morte.

=> Jesus convida os discípulos a descobrirem a confiança absoluta em Deus. Os pássaros de que Deus cuida (que revela a tocante ternura e preocupação de Deus por todas as criaturas, mesmo as mais insignificantes e indefesas); os cabelos que Deus conta (que revela a forma particular, única, profunda, como Deus conhece o homem, com a sua especificidade, os seus problemas, as suas dificuldades).

EVANGELHO – Mt. 10,26-33

REFLEXÃO/PARTILHA

Deus é aqui apresentado como um “Pai”, cheio de amor e de ternura, sempre preocupado em cuidar dos seus “filhos”, em entendê-los e em protegê-los.

Ora, depois de terem descoberto este “rosto” de Deus, os discípulos têm alguma razão para ter medo?

Eu estou disposto a arriscar, a fazer da minha vida um dom, para que a vida plena atinja e liberte os meus irmãos?

A certeza de ser filho de Deus é, sem dúvida, algo que alimenta a capacidade do discípulo em empenhar-se – sem medo, sem prevenções, sem preconceitos, sem condições – na missão.

Nada – nem as dificuldades, nem as perseguições – conseguem calar esse discípulo que confia na solicitude, no cuidado e no amor de Deus Pai.
As últimas palavras da leitura do Evangelho deste Domingo, contêm uma séria advertência de Jesus: a atitude do discípulo diante da perseguição condicionará o seu destino último…

Aqueles que se mantiveram fiéis a Deus e aos seus projectos e que testemunharam com desassombro a Palavra encontrarão vida definitiva;

Aqueles que procuraram proteger-se, comodamente instalados numa vida morna, sem riscos, sem chatices, e também sem coerência, terão recusado a vida em plenitude: esses não poderão fazer parte da comunidade de Jesus.

sábado, 7 de junho de 2008

10º Domingo do Tempo Comum (Ano A)

Evangelho: Lc 4,18
“Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores!”

INTRODUÇÃO

A Palavra de Deus deste 10º Domingo repete, com alguma insistência, que Deus prefere a misericórdia ao sacrifício. O Evangelho apresenta-nos uma reflexão sobre a resposta que devemos dar ao Deus que chama todos os homens, sem excepção. O exemplo de Mateus sugere que o decisivo, do ponto de vista de Deus, é a resposta pronta ao seu convite para integrar a comunidade do “Reino”.
EVANGELHO – Mt. 9,9-13
O texto que nos é proposto apresenta o chamamento do publicano Mateus, a descrição de um banquete em sua casa e a controvérsia com os fariseus.Tudo isto nos permite perceber o inaudito da situação criada por Jesus: Ele não só chama um publicano para o seu grupo de discípulos, como também aceita sentar-Se à mesa com ele estabelecendo assim com ele laços de familiaridade, de fraternidade, de comunhão.

MENSAGEM

O relato da vocação de Mateus não é distinto do relato do chamamento de outros discípulos: em qualquer dos casos fala-se de homens que estão a trabalhar, a quem Jesus chama e que, deixando tudo, seguem Jesus. O verbo traduz a acção de “ir atrás” e define a atitude de um discípulo que aceita ligar-se a um “mestre”, escutar as suas lições e imitar o Seu exemplo de vida… É isso que Jesus pede a Mateus. Mateus, sem objecções nem pedidos de esclarecimento, deixa tudo e aceita ser discípulo, numa adesão plena, total e radical a Jesus e às suas propostas de vida.

Os “chamados” não são “super-homens”, seres perfeitos e santos, estranhos ao mundo, pairando acima das nuvens, sem contacto com a vida e com os problemas e dramas dos outros homens e mulheres; mas são pessoas normais, que vivem uma vida normal, que trabalham, lutam, riem e choram…

Mateus define aqui o caminho do verdadeiro discípulo: é aquele que, na sua vida normal, se encontra com Jesus, escuta o seu convite, aceita-o sem discussão e segue Jesus de forma incondicional. A esta adesão ao chamamento de Deus chama-se “fé”.
Jesus monstra que, na casa do “Reino”, há lugar para todos, mesmo para aqueles que o mundo considera desclassificados e marginais. Deus tem uma proposta de salvação para apresentar a todos os homens, sem excepção; e essa proposta não distingue entre bons e maus: é uma proposta que se destina a todos aqueles que estiverem interessados em acolhê-la.
Na segunda parte do nosso texto, apresenta-nos Jesus que depois de convidar o publicano Mateus a integrar o seu grupo de discípulos – ainda “desceu mais baixo” e aceitou sentar-Se à mesa com os publicanos e pecadores.O “banquete” era, para a mentalidade judaica, o lugar do encontro, da fraternidade, onde os convivas estabeleciam laços de família e de comunhão. Sentar-se à mesa com alguém significava estabelecer laços profundos, íntimos, familiares, com essa pessoa. Por isso, o “banquete” é, para Jesus, o símbolo mais apropriado desse “Reino” de fraternidade, de comunhão, de amor sem limites, que Ele veio propor aos homens.

Ao sentar-Se à mesa com os publicanos e pecadores, Jesus está a dizer, de forma clara, que veio apresentar uma proposta de salvação para todos, sem excepção e que nesse mundo novo, todos os homens e mulheres têm lugar. A única condição que há para sentar-se à mesa do “Reino” é estar disposto a aceitar essa proposta que é feita por Jesus.

Os fariseus (que estão mais preocupados com as obras, com os comportamentos externos, com o cumprimento estrito da Lei) não entendem isto. Jesus recorda-lhes que “não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes” e cita, a propósito, a frase de Oseias: “prefiro a misericórdia ao sacrifício”. Na perspectiva de Deus, os “justos” são todos aqueles que não se conformam com a triste situação em que vivem, estão dispostos a aderir à sua proposta de salvação e a entregar-se confiadamente nas Suas mãos.

Deus chama todos os homens sem excepção. O que Ele pede ao homem (seja ele bom ou mau, pecador ou santo, justo ou injusto) é que aceite o dom de Deus, escute o chamamento de Jesus e, sem objecções, com total confiança e disponibilidade, aceite o convite para seguir Jesus, para ser seu discípulo e para integrar a comunidade do “Reino”.
ACTUALIZAÇÃO
• Deus tem um projecto de salvação e de vida plena que oferece, de forma gratuita, a todos os homens. O que é decisivo não é o cumprimento das leis e das regras, mas a forma como respondemos ao chamamento que Deus nos faz.

• Mateus, convidado por Jesus a integrar a comunidade do “Reino”, considerou tudo como secundário, abandonou os projectos pessoais e correu atrás de Jesus.

Na minha vida:

Þ Qual tem sido a minha atitude diante do chamamento que Deus me faz cada dia?

Þ Olhando para a atitude de Mateus, é esta resposta pronta, decidida, radical, plena, que eu dou aos desafios de Deus?

Þ O “Reino” é, para mim, algo de fundamental, que se sobrepõe a todos os outros valores, ou um projecto secundário, que me ocupa nas horas vagas, mas não é uma prioridade na minha vida?• A Palavra de Deus que aqui nos é proposta sugere também que na comunidade do “Reino” não há cristãos de primeira e cristãos de segunda. O que há é pessoas a quem Deus chama e que respondem ou não ao seu convite.