sábado, 7 de junho de 2008

10º Domingo do Tempo Comum (Ano A)

Evangelho: Lc 4,18
“Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores!”

INTRODUÇÃO

A Palavra de Deus deste 10º Domingo repete, com alguma insistência, que Deus prefere a misericórdia ao sacrifício. O Evangelho apresenta-nos uma reflexão sobre a resposta que devemos dar ao Deus que chama todos os homens, sem excepção. O exemplo de Mateus sugere que o decisivo, do ponto de vista de Deus, é a resposta pronta ao seu convite para integrar a comunidade do “Reino”.
EVANGELHO – Mt. 9,9-13
O texto que nos é proposto apresenta o chamamento do publicano Mateus, a descrição de um banquete em sua casa e a controvérsia com os fariseus.Tudo isto nos permite perceber o inaudito da situação criada por Jesus: Ele não só chama um publicano para o seu grupo de discípulos, como também aceita sentar-Se à mesa com ele estabelecendo assim com ele laços de familiaridade, de fraternidade, de comunhão.

MENSAGEM

O relato da vocação de Mateus não é distinto do relato do chamamento de outros discípulos: em qualquer dos casos fala-se de homens que estão a trabalhar, a quem Jesus chama e que, deixando tudo, seguem Jesus. O verbo traduz a acção de “ir atrás” e define a atitude de um discípulo que aceita ligar-se a um “mestre”, escutar as suas lições e imitar o Seu exemplo de vida… É isso que Jesus pede a Mateus. Mateus, sem objecções nem pedidos de esclarecimento, deixa tudo e aceita ser discípulo, numa adesão plena, total e radical a Jesus e às suas propostas de vida.

Os “chamados” não são “super-homens”, seres perfeitos e santos, estranhos ao mundo, pairando acima das nuvens, sem contacto com a vida e com os problemas e dramas dos outros homens e mulheres; mas são pessoas normais, que vivem uma vida normal, que trabalham, lutam, riem e choram…

Mateus define aqui o caminho do verdadeiro discípulo: é aquele que, na sua vida normal, se encontra com Jesus, escuta o seu convite, aceita-o sem discussão e segue Jesus de forma incondicional. A esta adesão ao chamamento de Deus chama-se “fé”.
Jesus monstra que, na casa do “Reino”, há lugar para todos, mesmo para aqueles que o mundo considera desclassificados e marginais. Deus tem uma proposta de salvação para apresentar a todos os homens, sem excepção; e essa proposta não distingue entre bons e maus: é uma proposta que se destina a todos aqueles que estiverem interessados em acolhê-la.
Na segunda parte do nosso texto, apresenta-nos Jesus que depois de convidar o publicano Mateus a integrar o seu grupo de discípulos – ainda “desceu mais baixo” e aceitou sentar-Se à mesa com os publicanos e pecadores.O “banquete” era, para a mentalidade judaica, o lugar do encontro, da fraternidade, onde os convivas estabeleciam laços de família e de comunhão. Sentar-se à mesa com alguém significava estabelecer laços profundos, íntimos, familiares, com essa pessoa. Por isso, o “banquete” é, para Jesus, o símbolo mais apropriado desse “Reino” de fraternidade, de comunhão, de amor sem limites, que Ele veio propor aos homens.

Ao sentar-Se à mesa com os publicanos e pecadores, Jesus está a dizer, de forma clara, que veio apresentar uma proposta de salvação para todos, sem excepção e que nesse mundo novo, todos os homens e mulheres têm lugar. A única condição que há para sentar-se à mesa do “Reino” é estar disposto a aceitar essa proposta que é feita por Jesus.

Os fariseus (que estão mais preocupados com as obras, com os comportamentos externos, com o cumprimento estrito da Lei) não entendem isto. Jesus recorda-lhes que “não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes” e cita, a propósito, a frase de Oseias: “prefiro a misericórdia ao sacrifício”. Na perspectiva de Deus, os “justos” são todos aqueles que não se conformam com a triste situação em que vivem, estão dispostos a aderir à sua proposta de salvação e a entregar-se confiadamente nas Suas mãos.

Deus chama todos os homens sem excepção. O que Ele pede ao homem (seja ele bom ou mau, pecador ou santo, justo ou injusto) é que aceite o dom de Deus, escute o chamamento de Jesus e, sem objecções, com total confiança e disponibilidade, aceite o convite para seguir Jesus, para ser seu discípulo e para integrar a comunidade do “Reino”.
ACTUALIZAÇÃO
• Deus tem um projecto de salvação e de vida plena que oferece, de forma gratuita, a todos os homens. O que é decisivo não é o cumprimento das leis e das regras, mas a forma como respondemos ao chamamento que Deus nos faz.

• Mateus, convidado por Jesus a integrar a comunidade do “Reino”, considerou tudo como secundário, abandonou os projectos pessoais e correu atrás de Jesus.

Na minha vida:

Þ Qual tem sido a minha atitude diante do chamamento que Deus me faz cada dia?

Þ Olhando para a atitude de Mateus, é esta resposta pronta, decidida, radical, plena, que eu dou aos desafios de Deus?

Þ O “Reino” é, para mim, algo de fundamental, que se sobrepõe a todos os outros valores, ou um projecto secundário, que me ocupa nas horas vagas, mas não é uma prioridade na minha vida?• A Palavra de Deus que aqui nos é proposta sugere também que na comunidade do “Reino” não há cristãos de primeira e cristãos de segunda. O que há é pessoas a quem Deus chama e que respondem ou não ao seu convite.

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